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ʹEstou me afastando por minha voz não ser mais ouvidaʹ, afirma Mãe Stella

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ʹEstou me afastando por minha voz não ser mais ouvidaʹ, afirma Mãe Stella

Mãe Stella de Oxóssi, que está afastada do Ilê Axé Opô Afonjá, publicou uma carta em que fala sobre o conflito entre sua esposa, a psicóloga Graziela Domini, de 55 anos, e a comunidade do Opô Afonjá, que a fez deixar o terreiro que comanda no bairro de São Gonçalo do Retiro. [Leia mais...]

ʹEstou me afastando por minha voz não ser mais ouvidaʹ, afirma Mãe Stella

Foto: Reprodução / Facebook

Por: Laura Lorenzo no dia 14 de dezembro de 2017 às 18:00

Mãe Stella de Oxóssi, que está afastada do Ilê Axé Opô Afonjá, publicou uma carta em que fala sobre o conflito entre sua esposa, a psicóloga Graziela Domini, de 55 anos, e a comunidade do Opô Afonjá, que a fez deixar o terreiro que comanda no bairro de São Gonçalo do Retiro. No documento, ela reafirma seu poder de tomar as decisões sobre a própria vida.

“Eu respeito, compreendo e rezo pelas pessoas que ainda não conseguem respeitar as VONTADES dos outros. Não sou uma instituição pública. Em minha certidão de nascimento e em minha identidade consta Maria Stella de Azevedo Santos, não Mãe Stella de Oxóssi. O papa Bento XVI entregou, corretamente, seu cargo quando percebeu as suas condições físicas; eu, ainda, não estou entregando meu posto, estou me afastando pelo fato de minha voz não ser mais ouvida por aqueles que durante anos pregaram a hierarquia”, diz ela em um trecho da carta.

No texto, Mãe Stella ainda cita a sua esposa e ressalta a lealdade da companheira. “Este texto foi narrado por mim e escrito por Graziela Domini Peixoto, que só aceitou expor seu nome por, mais uma vez, obediência a mim. Afinal, o discípulo tem por obrigação obedecer ao mestre”, afirmou a ialorixá. Na carta, ela também reintera: "Estou viva, muito viva e lúcida!".

Veja a carta de Mãe Stella na íntegra:

“Respeitem quem pode chegar aonde cheguei

Se considerarem esse título muito prepotente, peço, humildemente, respeitem os meus cabelos brancos que correspondem a 92 anos de existência e pelo menos 84 servindo à humanidade. Estou viva e muito viva! A baixíssima visão e, é claro, os 92 anos, me impedem de realizar algumas tarefas, inclusive a de manejar o conhecido Jogo de Búzios.

Estou viva, muito viva e lúcida! Claro, com as complicações dos 92 anos de idade e quatro internações hospitalares decorrentes de problemas cerebrais, sempre complicados pela pressão que venho sofrendo por parte de membros do Terreiro e de alguns familiares, que nada sabem sobre mim. Ainda estou lúcida, o que faz com que eu tenha consciência da diminuição da lucidez com o avançar da idade, o que é natural, pois sou HUMANA. Respeitem-me e não importunem a justiça dos homens, muita respeitada por mim, com a justificativa de que estão me defendendo.

Eu respeito, compreendo e rezo pelas pessoas que ainda não conseguem respeitar as VONTADES dos outros. Não sou uma instituição pública. Em minha certidão de nascimento e em minha identidade consta Maria Stella de Azevedo Santos, não Mãe Stella de Oxóssi. O papa Bento XVI entregou, corretamente, seu cargo quando percebeu as suas condições físicas; eu, ainda, não estou entregando meu posto, estou me afastando pelo fato de minha voz não ser mais ouvida por aqueles que durante anos pregaram a hierarquia. Confio na Promotoria Pública; no Ministério da Justiça; no Ministério de Direitos Humanos… Confio na justiça de Xangô.

Sou uma pessoa conhecida por ser discreta: tenho a essência divina de caçador. Não se aproveitem da suposta fragilidade dos meus 92 anos para gerar polêmicas com o meu nome. Afinal, um provérbio yorubá diz: “O velho mesmo curvado se mantém de pé”. Venho a público alertar à população que continuarei presente na vida de vocês, mesmo quando virar estrela (sou Stella) através de meus textos, livros e depoimentos que serão colocados no meu canal no youtube. Não sou boneco, não sou marionete, não sou manipulável. Sou Maria Stella de Azevedo Santos: um ser humano, que merece respeito.

Como sempre disse que sou pelo bem e pela verdade, informo que este texto foi narrado por mim e escrito por Graziela Domini Peixoto, que só aceitou expor seu nome por, mais uma vez, obediência a mim. Afinal, o discípulo tem por obrigação obedecer ao mestre. Reafirmo que este texto foi narrado por mim. Ele está com minha digital, com assinatura de três testemunhas, e foi entregue ao Ministério Público e à Delegacia dos Idosos. Além desse, tem o depoimento dado à Delegacia dos Idosos onde consta o endereço em que estou vivendo. Além disso, cito meus familiares com os quais estou mantendo contato e que sabem onde estou: minha irmã Milta; meus sobrinhos Tãnia, Junior, Osvaldinho. Aos outros parentes não desejo informar minha vida, para que eles não exponham minha vida mais do que já a expuseram.

À população que me ama de verdade, respondo a notícia À procura de Mãe Stella: Estou na Cidade Nazaré-Bahia; Bairro Batatã; Rua Ferreira Martins, nº 35.

Maria Stella de Azevedo Santos