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Em último ato, Márcio Paiva quer privatizar a Zona Azul de Lauro por 10 anos
A dois meses do fim de uma desastrosa gestão em Lauro de Freitas, Márcio Araponga Paiva (PP) se prepara para deixar uma dolorosa marca no município. Prestes a ceder o cargo à prefeita eleita Moema Gramacho (PT), o pepista está em vias de privatizar o sistema rotativo de estacionamento pago da cidade — a conhecida Zona Azul [Leia mais...]

Foto: Tácio Moreira/Metropress
A dois meses do fim de uma desastrosa gestão em Lauro de Freitas, Márcio Araponga Paiva (PP) se prepara para deixar uma dolorosa marca no município. Prestes a ceder o cargo à prefeita eleita Moema Gramacho (PT), o pepista está em vias de privatizar o sistema rotativo de estacionamento pago da cidade — a conhecida Zona Azul.
Conforme aviso de licitação publicado no mês passado, a empresa vencedora vai pagar assombrosos R$ 65 milhões pelo direito de gerir por dez anos “o monitoramento e a exploração de vagas de estacionamento rotativo eletrônico pago”. O primeiro edital acabou cancelado, mas a Prefeitura já se prepara para abrir uma nova licitação na semana que vem — conforme confirmou à Metrópole a Secretaria de Trânsito, Transporte e Ordem Pública (Settop).
Fica a pergunta: por que tanta pressa do prefeito em privatizar a Zona Azul dois meses antes de uma nova gestão, que deveria ter a chance de avaliar uma decisão tão importante para o futuro de Lauro de Freitas?
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Falta de Seguro causou suspensão
A superintendente de Trânsito, Transporte e Ordem Pública (Settop), Kátia Baptista, confirmou o cancelamento da primeira licitação. “Houve uma impugnação, mas o edital está sendo refeito”, disse. Questionada sobre o motivo, a superintendente se esquivou. “Foram questionamentos técnicos que já foram resolvidos”, limitou-se a dizer.
A Metrópole apurou, porém, que a empresa Gold Park entrou com um recurso, que acabou julgado improcedente. Ainda assim, a Prefeitura decidiu fazer um novo edital acrescentando a obrigatoriedade de contratação, pela concessionária vencedora, de seguro para danos causados a motoristas.
“Não é momento de Márcio Paiva executar mais nada”, critica oposicionista
Presidente do PMDB em Lauro de Freitas, Gustavo Ferraz criticou a decisão de Paiva de privatizar a Zona Azul “nos 45 minutos do 2º tempo”.
“É lamentável. Um momento como este não é momento de se executar mais nada. Já vai vir uma nova gestão. Este tipo de comportamento a nova política não permite mais. É um comportamento de políticos atrasados, com uma visão ultrapassada. Não houve nenhum tipo de debate, a cidade não discutiu essa zona azul. Não discuto nem a necessidade, mas o momento. Márcio fez um governo desastroso e sai agora pela porta dos fundos”, opinou.
Prefeitura diz que ouviu “alguns segmentos”
A superintendente de Trânsito rebateu a crítica sobre a falta de diálogo com a população, mas afirmou apenas que o prefeito ouviu “alguns segmentos” da sociedade — sem especificar quais ou de que forma.
“A gente chegou à conclusão, junto com estudos técnicos, de que se precisa reordenar [a Zona Azul]. A gente precisa acabar com esse costume de que qualquer atitude positiva seja encarada como eleitoreira. (...) Infelizmente caiu nessa data e se confundiu com a questão eleitoreira. Não é, foi até coragem do prefeito”, argumentou Kátia Baptista.
“Moralmente, ele não deveria fazer”
Para Ferraz, a desistência de Paiva de disputar a reeleição só comprovou sua baixa popularidade, que pode ser agravada com as mudanças na Zona Azul. “Não quero dizer que ele é ilegítimo para fazer a licitação. Pelo contrário: ele está no exercício do mandato, mas moralmente ele não deveria fazer. É hora de arrumar a casa, deixar as contas em dia. Ele deixa milhares de desempregados sem rescisões pagas, e agora está se preocupando com licitação. Isso é imoral”, bradou.
Prefeitura: “Não será afronta”
Segundo Kátia, uma das atribuições da concessionária vai ser a adequação ao município. “Não será nada para trazer prejuízo, nenhuma afronta. As reclamações são muito grandes sobre estacionamento”, disse. Contatado inúmeras vezes, o prefeito Márcio Paiva não foi encontrado para falar sobre a última decisão do seu governo.
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