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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Cidade

Impedir? Após muita polêmica, Câmara aprova projeto que proíbe Uber em Salvador

O Uber até demorou a chegar em Salvador. Mas a reação veio a cavalo — ou de táxi. Na última quarta-feira (27), os 36 vereadores presentes à Câmara Municipal aprovaram, por unanimidade, a proibição de “veículos particulares cadastrados em aplicativos fixos ou móveis para o transporte remunerado individual de pessoas” na cidade [Leia mais...]

Impedir? Após muita polêmica, Câmara aprova projeto que proíbe Uber em Salvador

Foto: Tácio Moreira/metropress

Por: Bárbara Silveira e Felipe Paranhos no dia 28 de abril de 2016 às 06:00

O Uber até demorou a chegar em Salvador. Mas a reação veio a cavalo — ou de táxi. Na última quarta-feira (27), os 36 vereadores presentes à Câmara Municipal aprovaram, por unanimidade, a proibição de “veículos particulares cadastrados em aplicativos fixos ou móveis para o transporte remunerado individual de pessoas” na cidade. 
Sobretudo em ano de eleições municipais, não é surpreendente a rejeição unânime ao aplicativo que causa polêmica na mesma proporção em que ganha adeptos em todo o mundo. Mas, uma vez que a matéria tende a ser sancionada pelo prefeito ACM Neto (DEM) — que, recentemente, posou ao lado de taxistas prometendo defendê-los —, a Metrópole lança a discussão: Salvador pode barrar o avanço da tecnologia e a chegada do futuro?

Como é que funciona?

Uma vez baixado o aplicativo, o usuário do Uber pode chamar um carro por meio do seu celular, por onde também vai acompanhar o trajeto do motorista até o seu local. Em Salvador, que tem o serviço UberX — com carros compactos —, os valores das viagens são mais baratos do que os dos táxis. Para os motoristas, basta se inscrever no serviço e se disponibilizar, com seu próprio carro, para fazer o transporte dos usuários.

Em todo o mundo, motoristas de táxi resistem à chegada do aplicativo

São Paulo, Nova Iorque, Paris, Jacarta... Pelo menos no quesito resistência ao Uber, Salvador está entre as principais cidades do mundo. Nesta sexta-feira (29), cidades portuguesas terão ‘marchas lentas’ de taxistas em protesto contra o aplicativo.
Os argumentos são os mesmos daqui, como prova a declaração do presidente da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros, Florêncio Almeida, nesta semana. “A Uber não nos mete medo. Tem é de cumprir as leis do país”, disse.

Agressões a usuários também chegaram

Com o aplicativo, os casos de perseguições a usuários do Uber também chegaram a Salvador. Na sexta (22), uma turista do Rio de Janeiro e seu namorado foram perseguidos por um taxista e depois ameaçados por três motoristas, no Rio Vermelho. Apesar de ela ter dado queixa à polícia, ninguém foi detido.

Clandestinos fora do radar da prefeitura

Independente do lado escolhido pelo leitor na disputa Uber x táxis, uma coisa qualquer soteropolitano já percebeu: a sanha da Prefeitura por fiscalizar e apreender os carros do Uber em Salvador não se repete em relação aos velhos motoristas clandestinos que oferecem seus serviços no aeroporto, na rodoviária, no porto e em pontos turísticos de Salvador. Por que será?

Em Salvador, taxistas migram para fugir da diária

Com a chegada do Uber a Salvador, não faltam motoristas que pretendem migrar para o serviço. Márcio Moreira paga semanalmente R$ 1.800 para uma empresa dona do alvará e do táxi que conduz. Para ele, o serviço é a chance de trabalhar com um pouco mais de qualidade. “Dirijo o dia inteiro pra tentar bancar a dívida. A Prefeitura diz que cuida dos taxistas, mas tá ajudando é de quem tá no ar condicionado, enquanto eu trabalho”, falou, num engarrafamento na Av. Magalhães Neto.

Afinal, a lei resolve?

Já há discordâncias em relação à efetividade do Projeto de Lei aprovado pela Câmara. Para o conselheiro da OAB-Bahia Gustavo Moris, que analisa o caso, esta não é uma questão de competência da Prefeitura: “Não é possível a lei municipal fazer qualquer tipo de restrição a essa atividade. Primeiro porque não é um serviço público. Segundo porque não compete ao município legislar sobre assuntos relacionados a trânsito, como qualquer restrição a atividades que interfiram nesta seara”.