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Quarta-feira, 27 de março de 2024

Bahia

A Bahia perde Eliana Kertész

A Bahia perdeu uma das artistas plásticas mais brilhantes de sua história. Eliana Kertész faleceu na manhã deste domingo (26), aos 71 anos, em Salvador, vítima de câncer. [Leia mais...]

A Bahia perde Eliana Kertész

Foto: Divulgação

Por: Metro1 no dia 26 de março de 2017 às 12:06

A Bahia perdeu uma das artistas plásticas mais brilhantes de sua história. Eliana Kertész faleceu na manhã deste domingo (26), aos 71 anos, em Salvador, vítima de câncer.

A cerimônia de cremação da artista e ex-vereadora aconteceu neste domingo, no cemitério Jardim da Saudade, em Salvador, às 17h.

A vida

Maria Eliana Pires Mascarenhas Kertész nasceu em Conceição da Feira, no Recôncavo Baiano, em 1945, e já aos seis anos mudou-se para Salvador, onde formou-se em administração pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Lá, conheceu Mário Kertész, com quem viria a se casar em 1971 e ter os filhos Marcelo, Maria Eduarda, Mariana e Francisco. 

Especializada em ciências políticas e planejamento econômico, ela filiou-se ao PMDB, em 1981, um ano antes de se candidatar a vereadora. Em 1982, elegeu-se com 94 mil votos - o equivalente a 17,3% dos votos válidos, na maior votação para o cargo no país inteiro e até hoje uma marca inigualada entre as capitais.

Na segunda administração de Mário Kertész como prefeito de Salvador, Eliana licenciou-se do cargo e assumiu a Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Posteriormente, também foi coordenadora do Turismo da Bahia. 

Já fora da vida pública, descobriu as artes em 1991. Autodidata, desenvolveu suas técnicas e deu à luz as primeiras 33 gordinhas, expostas pela primeira vez na galeria Paulo Darzé, em Salvador. O sucesso das esculturas - que começaram em barro e posteriormente evoluíram por pó de mármore, resina, bronze e fibra de vidro -, foi imediato e gerou outros inúmeros convites. 

"Elas têm um pouco da minha rebeldia em não aceitar a ditadura e a imposição da beleza magra. As pessoas vivem em função não da felicidade, mas da magreza"

A partir daí, a mulher que fez história na política baiana passou a deixar sua marca também nas artes plásticas, expondo em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Macau, Lisboa, Firenze, Roma e Paris, entre outras. Na Bienal de Roma, em 2004, Aleluia, uma negra em resina, foi premiada. Naquele ano, a artista publicou o livro Gordas, com memórias de sua vida entremeadas a imagens de suas obras. 

Os soteropolitanos também aprenderam a admirar o talento de Eliana Kertész. As "Meninas do Brasil" viraram ponto turístico e de referência na capital baiana, ficando conhecidas informalmente como as 'Gordinhas de Ondina'. No último Carnaval, um painel com uma das esculturas foi exposto para os foliões do mundo inteiro no circuito Dodô.

Em 2014, as mulheres sensuais e "redondas como o mundo" estrelaram a mostra Mulheres do Brasil, no Palácio da Alvorada. À época, a então presidente Dilma Rousseff exaltou a genialidade de Eliana e sua capacidade de revelar as nuances da cultura tropical. "Nas curvas das esculturas de Eliana, há a alma da mulher brasileira. O padrão de beleza que ela mostra nos envolve e nos cativa", declarou Dilma. 

Eliana Kertész deixa quatro filhos e oito netos.

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