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Sábado, 04 de maio de 2024

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Prazer, Bahia, me chamo Dorival Caymmi!

Prazer, Bahia, me chamo Dorival Caymmi!

Se oferecêssemos Dorival Caymmi aos nossos jovens e crianças, no repertório das escolas públicas e da programação cultural, certamente não viveríamos em uma cidade cada vez mais vil e violenta

Prazer, Bahia, me chamo Dorival Caymmi!

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 25 de abril de 2024 às 00:28

No próximo dia 30 de abril, Dorival Caymmi faria 110 anos. Nascido em Salvador, o cantor e compositor levou o nome e as coisas da Bahia para o mundo inteiro. Porém, a se tirar pelas comemorações, menções, atividades… ou pior: a se tirar pela ausência total de comemorações, menções, atividades em torno da efeméride, parece que a Bahia não se lembra muito bem quem é Dorival Caymmi. Seria o caso de o artista, recriado por Inteligência Artificial, estender a mão à nossa burrice natural e dizer, com a calma que lhe é peculiar: “Prazer, Bahia, me chamo Dorival Caymmi, sou o maior artista da história da música popular brasileira e seria conveniente que os mais jovens fossem informados disso e os mais velhos não esquecessem”.

Vou dizer o óbvio: sem o caminho aberto por Caymmi, muito provavelmente não existiria, por exemplo, um museu como o Cidade da Música da Bahia, ali no Comércio. Ora, por que então o espaço não é aproveitado para se promover palestras e/ou outras atividades a respeito dele? Este ano, a prefeitura chegou a anunciar 10 horas de show de Bell Marques em comemoração ao aniversário da cidade. Me deu vontade de mandar um direct sugerindo que reservassem, pelo menos, 30 minutinhos para um show com as canções de Caymmi, músicas como “Você Já Foi à Bahia?”, “Saudades de Itapuã”, “O Que é Que a Baiana Tem?”, que fizeram mais pela fama e pelo turismo em nosso estado do que nenhuma Bahiatursa (ou Sufotur, esse nome horroroso) já sonhou em fazer. Aliás, o governo do estado também não parece saber de quem se trata ou talvez confunda a cabeça branca do compositor com outra e por isso opte pela absurda omissão.

Se oferecêssemos Dorival Caymmi aos nossos jovens e crianças, no repertório das escolas públicas e da programação cultural, certamente não viveríamos em uma cidade cada vez mais vil e violenta como esta em que vivemos. O documentário lançado sobre ele, “Dorival Caymmi - Um Homem de Afetos”, ótimo por sinal, foi feito com patrocínio da Prefeitura de São Paulo. Compreensível: ele fez muitas música falando da capital paulista, como aquela que diz: “Dia 25 de março / Dia de sair pra comprar / Eu vou te pegar pelo braço / Pra rimar com Yemanjá…”