O ‘viralatismo’ só aceita as propostas da cúpula do Ocidente, diz Bob Fernandes sobre ONU

O presidente Lula (PT) chegou a condenar  o comportamento de Israel e do seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, nos conflitos, chamando os ataques de genocidas e propondo uma reformulação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, durante sua participação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. A ideia, entretanto, não foi vista com bons olhos pela imprensa brasileira. No programa Três Pontos desta quinta-feira (26), o jornalista Bob Fernandes criticou a forma como o discursos foi tratado pela grande mídia. Para ele, parte do incômodo é fruto da ‘síndrome do vira-lata’. 

“O que Lula propôs na ONU é uma constituinte, aí virou deboche. A ONU ou se refaz rapidamente agora ou se fará depois do caos inevitável que virá, com o que sobrar. É isso, não importa quem está propondo. É uma ideia. Qual é o problema de propor uma ideia? Mas o ‘viralatismo’ só aceita que as ideias sejam postas e propostas pela cúpula do Ocidente. Estados Unidos, Inglaterra ou França. O Brasil  não pode falar nada, não pode ser nada, a não ser que sejam os que eles escolhem, de vez em quando, como iluminados”, rebateu.

Em uma sequência de ataques iniciados nas últimas semanas contra o Líbano, Israel já deixou mais de 600 pessoas mortas. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, chegou a anunciar, nesta quinta-feira (26), que o país não aceitou a proposta de cessar-fogo feita pelos Estados Unidos e pela França e que continuarão “a lutar contra a organização terrorista Hezbollah com todas as nossas forças até a vitória”. A forma como a imprensa está tratando os ataques feitos por Israel também foi motivo de crítica do jornalista.

“Cerca de 70 mil pessoas estão tendo que deixar o sul do Líbano, entupindo de gente Beirute, que a qualquer momento vai colapsar, ou fugir para a Síria. Isso enquanto Israel anuncia planos para invadir o Líbano por terra. E também  não tem uma palavra sobre o ataque recente, por meio daqueles pagers e walkie-talkie, que matou não apenas quem carregava [os equipamentos], mas inocentes ao lado”, disse.

“Você imagine um palestino ou qualquer outro fazendo isso, atacando e usando, explodindo walkie-talkies e pagers que matem qualquer pessoa que esteja do lado, como chamariam? Terrorista, é isso que diriam”, completou. 

Confira o programa na íntegra: