Cidade
Bar de irmão de chefe da Semop toca o terror no Rio Vermelho; pasta subnotifica casos
O secretário negou que favoreça o empreendimento do irmão. “Busco trabalhar o senso de justiça. Não vejo se o bar é de meu irmão. Aplico a regra e a lei de maneira uniforme
Foto: Rê Marques / Alô Alô Bahia
Empossado em fevereiro desse ano como secretário de Ordem Pública de Salvador (Semop), o vereador licenciado Felipe Lucas tem dado uma verdadeira “colher de chá” ao bar Fronteira, que tem seu irmão, Tiago Lucas, como sócio.
Localizado na rua Odilon Santos, no Rio Vermelho, o espaço desrespeita todas as regras de convivência com a vizinhança e com outros estabelecimentos. De som alto a banheiro que tem abertura para a rua, tudo acontece no espaço que foi, originalmente, projetado para ter apenas som ambiente. Curiosamente, nenhuma medida é tomada pela Semop.
Presidente da Associação de Moradores do Morro do Conselho, José Carlos Costa vê forte teor político na “bondade” com o bar que tira o sono dos moradores do entorno. “O pessoal está desesperado. A gente já tentou prefeitura, já tentou tudo e fomos barrados. Vejo um quesito político forte. Vai ser difícil a gente conseguir algo”, afirmou, em entrevista ao Jornal da Metrópole.
Ao passo em que a população sofre, o titular de Semop faz as vezes de cantor e arrisca algumas notas no palco do local. Em vídeo que está no Youtube, e foi publicado em novembro de 2018, Felipe Lucas “anima” a plateia ao som de Menina Me Dá Seu Amor, de Chiclete com Banana. “Madrugada já clareou”, cantaram os moradores do entorno...
Alvará em dois meses
Para criar tanta confusão no Rio Vermelho, os empresários Tiago Lucas e Danilo Moreira Lapido Rodrigues – sócios do Fronteira – não tiveram muita dor de cabeça. O alvará de construção saiu em menos de 2 meses. O primeiro pedido do documento foi feito em agosto de 2017. Já em outubro do mesmo ano o alvará foi liberado. Segundo a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Salvador, o bar tem licença de funcionamento (TVL) e pode utilizar som nas suas instalações. Perguntada sobre um abrandamento na fiscalização do local, a prefeitura negou. “Em hipótese alguma. Trata-se de um empreendimento como qualquer outro”, alega.
Som alto afasta turistas de hotéis no entorno e compradores de imóvel de luxo
Em vídeo no YouTube, o secretário Felipe Lucas aparece rasgando elogios ao empreendimento do irmão. Uma das benesses do Fronteira, segundo o secretário, é “fomentar o turismo”, coisa que não tem acontecido na prática. Hotéis da região consultados pelo JM cobram diária mais barata nos quartos onde as janelas têm saída para a rua. Há, ainda, inúmeros casos de cancelamento de diárias. O barulho tem atrapalhado a venda de unidades em um empreendimento de luxo recém-lançado no Morro do Conselho. Quem comprou, está furioso. Quem visita para comprar, é avisado.
Moradores têm mais de 40 registros
O número de três registros de reclamação está um pouco distante dos números colhidos pelo JM com moradores do local. Uma moradora que não quis se identificar afirmou ter mais de 40 protocolos contra o espaço. “Toda a vizinhança faz queixas constantes ao órgão. Só eu tenho mais de 40 protocolos de reclamações e posso provar!". Os moradores têm diversos vídeos de festas com som altíssimo às 3h da manhã. Ninguém consegue dormir, incluindo crianças pequenas e idosos. É um absurdo!”, afirmou.
Secretário nega favorecimento
Em entrevista ao Jornal da Metrópole, o secretário Felipe Lucas negou que favoreça o empreendimento do irmão. “Busco trabalhar o senso de justiça. Não vejo se o bar é de meu irmão. Aplico a regra e a lei de maneira uniforme. A Semop é um CNPJ, não tem CPF, nem coração”, afirmou. O mandatário da pasta ressaltou que o órgão tem reforçado a fiscalização no Rio Vermelho, mas ressaltou que o Fronteira foi denunciado apenas três vezes esse ano.
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