Janja, Tiü França e os ‘kids pretos’
Janja dobrou a meta da ultrapassagem dos limites da empolgação e estendeu adjetivos tortos a mais gente
Foto: Reprodução
Na esteira do entusiasmo com palcos, microfones e holofotes no G20 Social, a primeira-dama, Janja da Silva, não se limitou a mandar um salve diferentão (‘fuck you’) para o magnata excêntrico Elon Musk, agora homem de confiança com cargo importante na Casa Branca. Janja dobrou a meta da ultrapassagem dos limites da empolgação e estendeu adjetivos tortos a mais gente. Reduziu o ministro Alexandre de Moraes, do STF, a um mero superparceiro.
Logo Moraes, alvo preferido e ininterrupto de ataques, discursos de ódio e de planejamento de assassinato por parte de extremistas, golpistas e, agora se sabe, generais do Exército e uma penca de policiais federais ‘kids pretos’, militares da ativa assim autodenominados por conta das boinas pretas que usam. Reduzir a parceiro um ministro da Suprema Corte que preside inquéritos contra o ex-presidente e muitos dos seus aliados, e isso dito por uma primeira-dama cujo marido, ao ter sido eleito e tomado posse, é parte substancial dos gatilhos disparadores de ódio contra Alexandre de Moraes, não é gafe. É combustível atiçado no palheiro, é fermento e fomento para inflar mais ódio.
Bestão ou terrorista?
Sem freios, a primeira-dama continuou e riu sob os holofotes, debochando do chaveiro Francisco Wanderley Luiz, que se autoexplodiu quatro dias antes da fala de Janja aos pés da escultura da Justiça, com explosivos atados ao corpo. Para Janja, Francisco Wanderley, o Tiu França não passava de um ‘bestão’. Chamá-lo de bestão equivale a considerá-lo como o tal lobo solitário do tipo idoso insano sem neurônio que só fez o que fez porque não foi conduzido a tempo para um CAPS, e não ao que ele era: um extremista estimulado a agir por gente das Formas Armadas e com mandato.
Bestão é a definição que mais agrada e atende aos desejos dos iguais ao morto, que estão presos na Papuda, em Brasília, certos de que seus padrinhos poderosos no Congresso vão conseguir uma anistia, sem julgamento, sem penas. Os ‘kids pretos’ têm o que de bestões? Sem Wanderleys e Déboras, a que gastou o batom na escultura da Justiça, os kids pretos e os militares e políticos não teriam ido tão longe. Gente que planeja a morte de lideranças políticas e jurídicas ou de gente comum tem outro nome: terroristas, estimulados por discursos extremistas de militares e golpistas com cargos, mandatos e poder na República.
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