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Sexta-feira, 29 de março de 2024

Política

Aldemir Bendine renuncia à presidência da Petrobras

Em carta enviada aos membros do Conselho, nesta segunda-feira (30), o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, renunciou ao comando da estatal e ao cargo que ocupava no Conselho de Administração da companhia. Bendine foi nomeado em fevereiro de 2015 pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff. Ele permaneceria no cargo até a aprovação do nome de Pedro Parente ao posto. [Leia mais...]

Aldemir Bendine renuncia à presidência da Petrobras

Foto: Fotos públicas

Por: Jessica Galvão no dia 30 de maio de 2016 às 18:58

Em carta enviada aos membros do Conselho, nesta segunda-feira (30), o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, renunciou ao comando da estatal e ao cargo que ocupava no Conselho de Administração da companhia. Bendine foi nomeado em fevereiro de 2015 pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff. Ele permaneceria no cargo até a aprovação do nome de Pedro Parente ao posto.

Leia a íntegra da carta:

Caros colegas,

Gostaria de comunicar a vocês que apresentei hoje, ao Conselho de Administração, minha carta de renúncia ao posto de diretor-presidente da Petrobras. Tomei esta decisão para que os conselheiros possam conduzir as propostas de mudança na diretoria feitas pelo acionista controlador sem sobressaltos que possam prejudicar os interesses da companhia.

Deixo esta empresa com a enorme satisfação de ter podido participar da história da maior empresa do Brasil, que dá os primeiros passos para virar a página da maior crise do nosso mundo corporativo e voltar a ser orgulho de todos os brasileiros.

Cheguei aqui no momento de maior pessimismo com os rumos da companhia. Sem um balanço financeiro avalizado, corríamos o risco concreto da execução precoce das nossas dívidas.

Lidávamos ali com o muitos chamam de “tempestade perfeita”: uma conjuntura adversa em que problemas de natureza distinta se sobrepõem e se potencializam. Não bastasse a queda aguda nos preços do petróleo, fomos obrigados a enfrentar forte desvalorização do real frente ao dólar e lidar com as descobertas da Operação Lava Jato, que revelou um conjunto de crimes praticados contra a companhia, com a participação inclusive de ex-executivos da empresa.

Não havia dúvida de que os desafios eram enormes, mas o contato com a brilhante força de trabalho desta empresa me deixou cheio de confiança de que superaríamos todos. Hoje, quinze meses depois, são muitas as vitórias que podemos comemorar juntos.

Da ameaça de apagão financeiro, chegamos a um caixa robusto, superior a 100 bilhões de reais. Essa marca é resultado direto do corte nos investimentos e do enxugamento nos custos operacionais, que fizeram com que nossas despesas fossem menores que nossas receitas pela primeira vez desde 2008.

Em outra frente, redesenhamos a estrutura organizacional na busca de construir uma Petrobras mais leve e moderna, compatível com o momento atual que vive o setor de óleo e gás no mundo.
Todo o modelo decisório foi revisto, assegurando que as decisões estratégicas e a contratação de fornecedores sejam sempre colegiadas. Uma empresa em que os critérios técnicos guiem as decisões e em que seus executivos não ajam como senhores, mas como servidores dos interesses da empresa.

Não poderia deixar de manifestar minha gratidão e meu reconhecimento aos meus colegas da diretoria executiva, com quem dividi as decisões tomadas ao longo deste período. O profissionalismo, o talento e o amor de vocês pela Petrobras foi uma fonte permanente de estímulo e aprendizado.

Também agradeço aos conselheiros, que demonstraram compreensão clara dos obstáculos no caminho da Petrobras e se empenharam vigorosamente na busca de meios para superá-los.
Por fim, deixo meu agradecimento a todos os empregados e colaboradores da Petrobras, em todos os postos no Brasil e no exterior. Os desafios pela frente são enormes, mas não há time mais preparado, coeso e qualificado para enfrentá-los que vocês.

Um forte abraço deste petroleiro

Aldemir Bendine