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Custos exorbitantes: eleição de presidente da OAB ressalta tamanho dos recursos

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Custos exorbitantes: eleição de presidente da OAB ressalta tamanho dos recursos

Carros plotados, partidários fervorosos e muito dinheiro envolvido. Uma eleição de classe nunca se aproximou tanto de uma campanha política como a que elegeu Luiz Viana presidente da seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) pelos três próximos anos. Com quatro candidatos na disputa [Leia mais...]

Custos exorbitantes: eleição de presidente da OAB ressalta tamanho dos recursos

Foto: Tácio Moreira/Metropress

Por: Bárbara Silveira no dia 26 de novembro de 2015 às 06:00

Carros plotados, partidários fervorosos e muito dinheiro envolvido. Uma eleição de classe nunca se aproximou tanto de uma campanha política como a que elegeu Luiz Viana presidente da seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) pelos três próximos anos. Com quatro candidatos na disputa — o atual comandante, Luiz Viana, da chapa “Mais OAB”; Carlos Rátis, da “Coragem para renovar”; José Nélis, da  “OAB Livre” e Fabiano Mota, da “Nova OAB” — a Ordem teve um orçamento aprovado para 2015 no valor de R$ 19 milhões.
 
E o montante destinado à entidade é um dos pontos que causa maior divergência entre os candidatos e advogados associados. A disputa, que tinha as chapas de Luiz Viana e do ex-interventor do Esporte Clube Bahia, Carlos Rátis, como favoritas, foi marcada pelos altos gastos, e não pela proteção ao advogado, segundo José Nélis. “Infelizmente, nós temos assistido à postura de alguns candidatos que trouxeram os vícios da eleição passada para a Ordem. Foi uma campanha superdimensionada, com abuso do poder econômico”, denuncia.
 
Gastos de campanha de Viana e Rátis teriam chegado a até R$ 3,5 milhões

Apenas dois concorrentes possuíam comitê de campanha: Luiz Viana, na Rua da Paciência, no Rio Vermelho, e Carlos Rátis, na Av. Oceânica. “Você imagina uma campanha de Ordem para um cargo que não é remunerado, e o candidato gasta R$ 2 milhões em uma campanha. Minha campanha não chegou a R$ 30 mil. Luiz Viana ficou em torno de R$ 2 milhões e R$ 1,5 milhão a de Rátis”, afirma Nélis.
 
Procurado pela Metrópole, Luiz Viana afirmou que não fica à frente da parte de gastos da campanha e designou o atual vice-presidente e candidato a conselheiro federal, Fabrício Castro, para divulgar o balanço. Fabrício alegou que não poderia falar com a reportagem por estar em busca dos últimos apoios da campanha. “Estou aqui com meus adversários disputando votos. Eu não posso perder votos, me perdoe”, diz, sem fornecer as informações solicitadas.
 
Déficit deve passar dos R$ 2 milhões em 2014

Documentos obtidos pela Metrópole mostram que a seccional baiana teve um déficit de R$ 2,2 milhões no exercício de 2014. A receita foi de pouco mais de R$ 19 milhões, enquanto os custos fecharam em R$ 21 milhões. “Esse gasto é um absurdo. A OAB deveria zelar pelo que a sociedade deseja, que é a redução dos custos. A OAB faz uma campanha milionária, indo de encontro ao que a sociedade exige”, opina Fabiano Mota.
 
“Serviços de terceiros” custaram milhões

Comprometendo-se a ter um “mandato transparente” quando foi eleito em 2012, a gestão de Luiz Viana tem sido alvo de denúncias que apontam gastos extraordinários com passagens, viagens e táxis, que entraram na prestação de contas referente a 2013 e 2014 como “serviços de terceiros”. “O gasto da gestão é assustador, injustificado. A Ordem tem um orçamento anual de R$ 19 milhões. Você constatar ao final de uma gestão que quase R$ 13 milhões foram gastos com eventos, com atividades injustificáveis...”, lamenta Nélis, que é atual presidente da Caixa de Assistência aos Advogados da Bahia (CAAB).
 
Viana: “Choro de perdedor”

Luiz Viana alega que as denúncias sobre a sua gestão foram frutos de intrigas pré-eleitorais. “Isso é choro de perdedor. Gente que passou três anos longe da OAB, que não acompanhou, que não estabeleceu absolutamente nenhuma crítica em relação a nós, nem política e nem em relação às despesas. Nos últimos 30 dias, começou a surgir uma série de manifestações de pessoas que eu lamento não terem acompanhado a nossa gestão, que é absolutamente transparente, a mais transparente da história da OAB”, diz Viana.
 
Sobre o valor designado à campanha, o candidato creditou a arrecadação às doações de outros advogados. “É uma campanha dentro dos padrões de uma eleição que envolve mais de 25 mil colegas votantes. Nossos grandes custos têm sido em redes sociais”, argumenta. A Metrópole não conseguiu falar com Carlos Rátis até o fechamento dessa matéria.