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Historiador lembra dois lados da vida de Lampião: “Sociopata transformado em herói”

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Historiador lembra dois lados da vida de Lampião: “Sociopata transformado em herói”

Na sexta-feira (28), a morte de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, Maria Bonita, e de boa parte do bando de cangaceiros completa 79 anos. Eles foram mortos após uma emboscada no acampamento instalado na Grota do Angico, localidade que fica no município de Poço Redondo, em Sergipe [Leia mais...]

Historiador lembra dois lados da vida de Lampião: “Sociopata transformado em herói”

Foto: Pernambuco.com

Por: Bárbara Silveira e Matheus Morais no dia 27 de julho de 2017 às 08:40

Atualizado: no dia 27 de julho de 2017 às 08:47

Na sexta-feira (28), a morte de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, Maria Bonita, e de boa parte do bando de cangaceiros completa 79 anos. Eles foram mortos após uma emboscada no acampamento instalado na Grota do Angico, localidade que fica no município de Poço Redondo, em Sergipe.

A história do mais importante cangaceiro inspirou dois livros, ainda não lançados, do historiador e geólogo Rubens Antônio. Em conversa com Mário Kertész nesta quinta-feira (27), o escritor lembrou o processo de entrevistas e pesquisas para a elaboração dos livros, que mostra os dois lados da história de Lampião.

“Nessa saga tivemos um bandido (Lampião), que tem suas justificativas. Na década de 1930, ele foi relido e transformado em um herói. Ele era um sociopata e a releitura dele o transforma em um herói nordestino, um sociopata transformado em herói. Em dois dias na região de Monte Santo e Itiúba, 2 mil pessoas foram espancadas pelo bando de Lampião. Sobre o Cangaço temos dois livros finalizados, dei uma parada e estou aguardando para ver onde vou caminhar”, disse.

Apesar da fama de herói em algumas cidades, o historiador explica que, com o passar do tempo, o bando deixou de lado a cordialidade com a população e adotou uma postura rígida, muitas vezes com o uso da violência. “No inicio, na Bahia, ele era muito educado, pagava o que consumia, mas depois ele entrava quebrando. Em Pombal, ele chegou já quebrando e chamando o povo de morfino. Através de uma expressão política ele foi chamado para combater a Coluna Prestes e ganhou a patente de capitão, assinou um papel sem validade nenhuma, dado por um funcionário federal. Em Queimadas, Lampião entrou, humilhou o juiz e fez uma lista dos comerciantes que poderiam dar dinheiro. Quem não desse o dinheiro sofria punições como ter a casa incendiada”, contou.

O escritor lembra que o apelido de “Maria Bonita”, atribuído a companheira de Lampião, foi criado pela mídia carioca. “No bando ela era dona Maria do Capitão e para os íntimos era Basé. Quem começou a trabalhar esse nome de Maria Bonita foi a imprensa do Rio de Janeiro”, contou.